Os antigos liam o Cântico dos Cânticos como uma metáfora do amor entre Deus e o crente: “Como és formoso, amado meu, como és amável!” (Ct 1.16). Cristo não é um tema, mas Deus, a quem amamos com todo o coração, todo o ser e todas as forças (Dt 6.5). Na contemplação, o Mandamento se torna vivo, alegre e prazeroso (Mc 12.29-32).
O poeta passa horas diante do seu mar. O enamorado passa dias olhando para o bilhete de sua amada. Quanto tempo passamos com Cristo, em contemplação, conhecendo-o em intimidade?
Deus não é mais conhecido porque desfrutamos pouco de Cristo (Jo 1.18). Cantamos “mais de Cristo eu quero ter” (Hino 135 do Novo Cântico), mas nem sempre sabemos o que isso significa. Temos mais dogma do que oração, mais orgulho do que humilhação, mais ativismo do que busca e choro. Tornamo-nos funcionários descontentes do reino, ao invés de amigos achegados que amam ao Rei. Insistimos na distância, porém, Jesus nos chama para a comunhão (Mc 3.14; Lc 10.38-42). Que tristeza conhecer os escritos acerca de Jesus, sem conhecê-lo como pessoa! Sim, ele não pode ser conhecido à parte da sã doutrina, mas também ele não o será apenas doutrinariamente (Jo 17.17,20-21; cf. Mt 26.40). Como disse John Owen:
A fé confiante consiste em dirigir a atenção do coração a Jesus. É elevar a mente à “contemplação do Cordeiro de Deus”, e permanecer nessa contemplação pelo resto da vida.
A Teologia Verdadeira nos chama à presença de Cristo. A Cristologia é, em última instância, um chamado à oração, nos termos belos e profundos utilizados por George Herbert:
Vem, meu Caminho, minha Verdade, minha Vida;
Um Caminho tal que nos dá respiração;
Uma Verdade tal que põe fim a toda contenda:
Uma Vida tal que mata a morte.
Pr. Misael. Publicado no Boletim 356 | 23 de outubro de 2016.
Um comentário
Paz
Gostei muito foi minha meditação dessa manhã.
Comentários desabilitados.